Adetomiwa
Desde a minha
adolescência que minha mãe dizia que eu tinha certa obsessão pelas coisas que
eu podia ter
, mas que não devia. Por imensas vezes, até algumas que mal me
lembro, já estive em maus lençóis devido a isso que ela chamava de “obsessão”,
porém encontrar a arte afastou-me disso, afastou-me desse desejo que
consumia-me, que deixava completamente sem controlo, que me tornava num homem
estranho, em um homem que eu podia ser, mas que não devia ser.
Era proibido a
ser aquele homem, era proibido a sentir certas coisas que sentia, tinha
prometido a minha mãe no leito de sua morte, que eu ia ficar longe daquele
homem, jamais iria quebrar uma promessa que tinha feito a minha mãe, porém era
impossível cumpri-la depois de conhecer Ilka. Sem mesmo usar palavras, sem nem
mesmo ela saber ela tinha dito que ninguém podia proibir-me ou mesmo impedir de
ser quem eu sempre fui.
Não precisou
muito para deixar esse eu “escondido” dominar, e não sei por que razão ela
tornava tudo tão fácil para mim, como ela cedia, como ela não conseguia
perceber o que significava o que lhe dizia. Odiava o facto de ela ser tão ingênua
tão inocente, ou a sua sede de ser uma artista a cegava da mesma maneira que
minha sede por ela cegava-me.
“Precisas
explorar o desconhecido, precisas conhecer tudo, um pouco que for para tu
estares completa como artista”
“Podemo-nos
ajudar, eu preciso de uma musa para os quadros que quero pintar e tu precises
alguém que te torne uma artista completa”
“As vezes é
muito mais fácil pintar a essência de alguém quando não existe nada material
consigo, quando ela esta do jeito que veio ao mundo, existe uma conexão maior
entre a musa e o artista”
“Irei
tornar-te a melhor, não somente desta Universidade, como também a melhor do
Mundo, um dia as pessoas irão estudar a tua arte”
De onde vinham
tais palavras? Porque tantas promessas fazia a ela? Porque eu queria sempre
mais dela?
Primeiro foram
as roupas, depois ela falando de si, logo a seguir a vontade imensa de vê-la
todo o santo dia, e assim a incapacidade que tinha de ter minhas mãos longe
de seu corpo. De estar longe dela.
Por vezes dava
em mim andando pelos corredores da Universidade sem nem mesmo ter algo para
fazer, espreitando as turmas que ela tinha aulas, procurando livros na
biblioteca que não precisava na esperança que nos esbarrássemos, para que
pudesse ver os seus olhos escondidos pela armação de seus óculos, o sorriso
doce que ela tinha que fazia meu sangue ferver.
Hoje era um
desses dias, que eu sabia que ela estaria na biblioteca, porém não fui capaz de
segui-la no interior da biblioteca, nem muito menos mover-me do lugar que me
encontrava.
Seus cabelos
estavam presos como de habitual, suas jeans velhas e um enorme blusão de lã
azul cobria até o meio de suas coxas. O sorriso que ela tinha, era um que não
conhecia, e irritei-me, meu sangue fervia cada vez mais que o sorriso se
mantinha em seus lábios. Porem não era o sorriso que perturbava-me e sim quem a
tinha feito sorrir daquela maneira, e essa pessoa não era eu. Até mesmo sua
expressão corporal era diferente, ela parecia diferente, ela estava exatamente
do jeito que eu a queria comigo. Não queria aquele rapaz com ela, ela era
minha.
Desde o
primeiro dia, Ilka era incapaz de chegar a horas, porém nunca tão atrasada como
ela estava dessa vez, assim como também nunca a tinha recebido depois de ter
acabado uma garrafa de uísque. Tudo que conseguia pensar era na razão de seu
atraso, o que aquele rapaz poderia estar a fazer com ela, com a minha musa, com
a minha Ilka. Ele jamais a faria sentir do jeito que eu era capaz, nunca a
tornaria completa do jeito que a podia tornar. Ele devia ser a razão por que
ela nunca chegava a tempo, um paspalhão que não sabia nada.
O som da porta
dos fundos ser fechada fez uma onda de controlo, de domínio tomar meu corpo.
Meu pedaço de perdição estava ali, mais uma vez ela não impedia-me de ter
aquilo que eu desejava ter, e que eu teria hoje, com toda a certeza.
Ela removia as
roupas sem olhar para os lados, seu corpo curvilíneo, pequeno, perfeito, estava
refletido em todos os espelhos, o pedaço de cetim branco, fazia o contraste
perfeito com sua pele, nunca nenhum artista conseguiria expressar a sua
essência numa tela melhor que eu.
Quando nossos
olhos se encontraram minha sede tornou-se insaciável, não bastava tudo que ela
já me dava, não bastava mais o que ela permitia, queria mais, queria muito mais
dela, eu podia ter muito mais dela, ela era minha, ela só precisava saber isso.
- Solta o teu
cabelo! – Inconscientemente as palavras saíram de meus lábios, e mais uma vez
ela fez aquilo que mandei, sem interrogar, sem questionar.
Dei o último
gole no uísque que ainda tinha no copo.
- Quero
avaliar a minha musa – avisei-a, caminhando na sua direção pousando o copo em
algum lugar enquanto ela virava-se questionando o meu aviso.
- Como assim?
- O próximo
passo Ilka – respondi apenas com alguns centímetros de distância entre nós.
- Qual é o
próximo passo Professor Edun? – Sua pele enrugou devido o meu toque,
denunciando o efeito que tinha sobre ela, o que agradava-me.
- Conhecer o
além – minha mão moldava-se com ainda mais perfeição em sua cintura do que nas
milhares de vezes que imaginei.
- Não sei se
estou preparada – não era o que eu queria ouvir, mas eu faria com que ela
estivesse, eu a queria do mesmo jeito que ela queria-me, era tão simples assim.
- Confia em
mim – uni nossos corpos provocando uma tontura em mim, uma grande satisfação –
Além de minha musa, eu disse que te faria a melhor artista, só precisas confiar
em mim – meu polegar confirmou a delicadeza de sua pele – Confias em mim, Ilka?
- Claro
professor Edun – Aquilo não era o que queria ouvir, aquilo não era o que ela
devia dizer.
- Confias? – Soltei
o nó das fitas do roupão, vendo no seu olhar o oposto do que queria.
- Confio! – Aquela
era a resposta certa, aquilo era o que queria ouvir dela, mesmo que sua voz não
transmitia segurança, o contrário é o que transmitia, mas não me importava. Ela
confiava em mim. Ela disse que confiava.
- Ninguém
precisa saber disso! – sussurrei em seu ouvido retirando o roupão – Será o
nosso segredo, você será minha e de mais ninguém.
- Não quero
isso, não quero ser tua – afastei-me dela, vendo seu corpo tremer, seu perfeito
corpo que tenho gravado em tela nas paredes de meu quarto, seus olhos estavam arregalados,
enervando-me.
- Mas tu és! –
Informei-a denunciando a raiva que continha enquanto removi as duas peças de
roupa que cobriam-me – Diz-me para parar – voltei a toca-la fazendo minha mão
queimar em contacto com a sua pele – Tu és tudo que eu sempre sonhei.
Virei seu
corpo de modo que ela pudesse ver seu perfeito reflexo no espelho. Eu sorria com
tanta perfeição que tinha no seu corpo pequeno, a cintura minúscula e seio
pequeno e perfeitamente redondo. Seu corpo reagia ao meu corpo, não exatamente
como queria, mas era o que tinha.
Ela tremia
imenso enquanto minhas mãos percorriam todo seu corpo, parecia estar com medo,
um medo que vi refletido nos espelhos, as lágrimas correndo pelo seu rosto.
Ela não me
queria, ela não queria aquilo, mas ela não tinha dito para parar.
- Não irei
magoar-te – avisei-a brincando com o lóbulo de sua orelha – Jamais magoar-te-ia
– tentei acalma-la com tais palavras.
Um som de alívio
saindo dos seus lábios fez-se ouvir pelo quarto todo, intensificando o calor
que tinha sempre que a tinha naquele espaço.
Uma enorme dor
surgiu em meu abdomem, no instante que a vi correr até suas coisas. Desespero,
aflição estavam expressos em cada gesto que dava. Sentimentos que ela não devia
sentir, ela queria-me eu sabia isso, só bastava ela saber e eu iria
mostrar-lhe.
Seu corpo
pequeno ficou quieto no instante que joguei contra o espelho mais próximo. Ela tinha
gritado e tentado socar-me quando a toquei, impedindo-a de ir embora.
Ela queria-me! Como ela não consegue ver que quer-me? Como ela não vê isso? Os únicos gritos
que ela deve dar são de prazer, o prazer que irei dar-lhe.
Louis Smith.
Louis Smith. Ela
não queria ser minha por que era dele.
Não por muito
tempo.
Nem mais por
um segundo.
Nota da Autora
Olá!
Tudo bem? Se repararam voltei a ser Erii, acho faz
mais sentido.
Acho que entendem um pouco mais o professor Edun.
Espero que tenham gostado.
Comentários Respondidos.
Beijos!
Eu li bem? Será que interpretei bem essa parte? Ele parece-me obcecado. Será isso?
ResponderEliminarEspero pela continuação.
Bjs :)
Deixo-te duas tags: http://dianaisabelpinto.blogspot.pt/2015/07/50-factos-sobre-mim-biografia-de-uma.html
EliminarTenho a mesma opinião que a Diana. Ele parece obcecado.
ResponderEliminarPosta logo.
Beijos.
O professor tem ciumes do Louis?
ResponderEliminarBeijos.
Faz mais sentido ser Erii. No outro blog também eras conhecida por esse nome. Mas se não gostares avisa os leitores para que nós passemos a chamar-te pelo "novo" nome.
ResponderEliminarQue professor estranho!
Torço para que seja o Louis a ficar com a Ilka. O professor parece um psicopata.
Posta logo.
Beijos :)
Estou a sentir um cheirinho de mentalmente perturbado...
ResponderEliminarTem uma tag para ti no meu blog, bjs
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